09/09/2011

Sexta-feira à noite, chegando da faculdade, cansada, lembrando-se dos desafios enfrentados na semana que estava chegando ao fim, com certa alegria no coração, encontrou um velho amigo no ônibus lotado de cada dia, que a fez rir muito com as histórias e planos para o futuro que ele contava. Sobre ela nada falou, sua vontade era ouvir, coisa de jornalista.

Ao entrar no caminho de sua casa, o último do bairro, deserto, sem um “pé de gente”, o que até, lhe causou certo medo. Neste momento pensou que poderia morar em um lugar melhor e que as lutas da semana, um dia, seriam recompensadas.

Chegando à porta de casa dois garotinhos, filhos dos vizinhos, que devem ter seus 8 a 10 anos, estavam por perto e a abordou.

-Senhora!

Ela se assustou e pensou “Aconteceu alguma coisa”, mas logo se acalmou com a timidez do molecote, somada a curiosidade dele que logo perguntou.

-A senhora faz jornal?!

Um largo sorriso, de surpresa, foi imediato e a resposta.

- Não, eu trabalho na TV, você me vê é?

E ele afirmou. - Sim todo dia eu vejo a senhora!

Ela lhe fez um pedido.

-Que bom, mas não precisa me chamar de senhora.

Ele acatou.  - Tá bom!

-Tchau, beijos.

-Beijos

Ela voltou a pensar "É, acho que já vivo a recompensa." As lágrimas vieram em seguida.

Gislaine Sena